quarta-feira, 6 de maio de 2015

chico baobá ou extensão de quem sou

meu vô é um baobá velho
continua vivo, lá em cima de vista fina
a existência é uma arvore que balança
e larga todo mundo longe.

a morte não vai existir 
enquanto houver vento e chuva
diz o velho baobá.

e lá nas raízes de vô
a terra úmida, fofa e prensada
o corpo levanta vida pro sono longo
meus dedos garras não (ainda) alcançam tal profundidade
do sereno da raiz.

do sereno da raiz
ao caos das ultimas folhas
o baobá recolhe a seiva da vida
imagem que olha do lugar onde mora
baobá eterno dentro de mim.

chico baobá terra em transe
arvore que se desloca
raiz cheira, fareja vida
espalha e afofa a terra.

um dia subi no topo do baobáchico
e esqueci
sendo eu e memória em mim, esqueci sendo
um garoto que tem a arvore da vida
escala tranquilo à vista
o baobá chico não perde o menino
que olha e se perde de tanta coisa que sente

eu sou o menino
meu vô o baobá
chico agora lenda viva em mim
meus olhos enchem
meu corpo enche
ninguém vai embora, 
somos baobá.

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