quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cronica Da massa X

“tinha idéias subversivas sobre vários assuntos”
assim que Zavaleta começou com aquela pesquisa profunda sobre deixar o campo da visão. Sim! não ver nada! Colocar uma venda nos olhos até o resto da vida!
Claro que não foi o que ele fez!
Ficou se enrolando para achar sua toca.
Obs. toca tricolor (azul jazz, laranja chinatown e amarelo maia) tricotada manualmente por sua bisavó,que por sua vez tinha uma impecável noção de cores, parecia ter uma paleta mágica no cérebro.
Pegou a toca e se dirigiu com sua bike até a Rua Peter Newell, famosa pela inclinação acentuada.
Fechou seus olhos e desceu.
Se conseguiu, não sei.
Ao menos começou a tal pesquisa.
Via a máquina do sol.
Bebia Saquê.
Fumava haxixe, aliás, um dia desses vi 2 quilos na casa dele e falei.
-Os cães policiais sentem o cheiro de dessa porra de longe .
Não deu outra, Zavaleta moldando argila  úmida, e eu lá, super chapado sentado na poltrona.
Um incenso indiano de mel queimando confundia o olfato.
Policia Civil
Fui abrir a porta lentamente.
Dois canas e um pastor alemão.
O canino me farejando louco para morder minhas bolas.
Lembro que o cana mais experiente elogiando as esculturas na prateleira.
Olhei para todo os lados procurando aquela bolota de 2 kilos e não achava.
Olhei pra Zavaleta, ele com um olhar calmo limpando as mãos na toalha falou.
-Que belo cão!
O animal latindo com aquela voz de cão rude em direção  da mesa  em qual Zavaleta moldava.
Sim! estava lá a bolota de haxixe moldada as presas ( forma de uma cabeça).
Zavaleta soltou.
-A vizinha pensa que sou jigolô, deve ter ligado pra vocês.
O policial pergunta.
O que é isso que você esta moldando?
-É uma argila nova que eu comprei no inteior.
-Lógico!Mas o que é ?
Logo Zavaleta mudou a expressão em câmera lenta e falou.
-O que você vê? Vejo que você tem um olhar bom pra arte. Você é artista alem de policial?
-Bem eu fiz umas aquarelas quando jovem.
-Ótimo!Temos um artista nato aqui!
Depois de 4 horas escutando aquela conversa misturada com cheiro de mel comecei a relaxar, relaxei tanto que cai no sono.
Acordei.
Os canas nem estavam mais lá.
Só Zavaleta rindo com aquele haxixe moldado.
Perguntei-me.
Será que conseguiu descer a rua inclinada de olhos fechados?


relatos de Botjão Asumpssão - arte rimon guimarães

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