segunda-feira, 13 de setembro de 2010

conto dos otros e do fela da mãe

"Alou, gravando... gravando... Maravilha. Mal adquiri este gravador digital e tenho uma idéia. A idéia esta toda confusa, um pouco como os dias desde que comecei aos 18 a trabalhar. Agora, com 30, me pego muitas vezes com insonia, pela noite falando sozinho. Mas agora posso gravar. Será que pega a tremedera que as vezes me ocorre? Captura o formigamento que sinto na ponta dos dedos da mão? Esfrego os dedos com força, sinto doer minha l e r, anos digitando, anos levando enrabadas por digitar devagar, errado, com faltas ou sobras. Pressão na cabeça desde muito antes dos 18, consegui o tão sonhado cargo, a pressão enfim cresce, sinto os efeitos colaterais. O escuro como nunca me conforta. Respiro fundo, espero os nervos acalmarem, me coloco sob pressão, agora para aliviar o nervoso do dia acumulado. Levanto do escuro com medo de dormir as 19. Sei que se o faço passo a noite em claro. Desço dois lances de escada. Sento na mesa do café das 19:00, olhar perdido entre o pão e o mel do monge, escuto meu nome, sorrio por sorrir, uma pessoa a frente da mesa redonda, olho pra esta que fala e nada além de labios mechendo vejo, até escutar vociferar... - Por que vc ri? Seu tio esta nas últimas meu querido. Fecho a cara, paro de gravar. Uma asia monstra me consome, o café jogo no estomago vazio, preto e sem açucar, sem pensar, sinto a dor no estomago aumentar. Os dedos ainda dormente acompanham, vem agora um arrepio da cabeça, suor no corpo todo, minha mãe se levanta da mesa, aposentada. Ajoelha-se a velha no pé da mesa, acho que vai pedir pelo meu tio, me por tras olha já saindo da mesa, desconstroi minha sentença. Eu me sinto confortado com este olhar dela, afinal, ela ta indo rezar. Já ela sente pena. Tiro meu sapato enfim, minha camisa, coloco meu portatil a carregar e sento na sala a escutar a cabeça ecoar.


Magdala do Novo Mundo

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