quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

rasgado de realidade

a gente ia seguindo, o corpo balançava de acordo com o balanço da agua. me perguntou "onde ficaria, desembarcaria?". naquele momento estava imerso na madeira do barco e disse que "desceria ali mesmo". "aqui não há terras para baixar!" estava tão acreditado de coincidências que caminharia sobre a agua. minuto de silencio. eu ainda submerso na madeira, no ventre e na luz. ele apertou meu braço e saiu. a pressão da sua mão subiu meu braço, passou por meu ombro, suspirou meu pescoço e fechou meus olhos. acreditei em toda coincidência do mundo novamente. puro, eu, subi na polpa do barco. desenterrei medos, acreditei novamente. meus olhos já estavam embaçados de felicidades. "onde eu ia descer?" essa não era a pergunta, mas sim quando, "quando ia descer?" e não poderia ter melhor momento que aquele, desenterrado, acreditando e embaçado de felicidade. pulei acreditando descer, mergulhei acreditando andar. fui acreditando estar. eu era em outro lugar.



por lugar quero dizer de fendas, entradas singulares no nosso dia-a-dia, luz no cotidiano, brechas outras. esses são os lugares que manifesto minhas vontades verdadeiras. lugares são espaços rasgados da realidade

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